Though officially I am
still on hiatus, I wanted to do a little something special in honor of the Feast of Pentecost. I have always been amazed that, according to the analytics I have tracking this website, a sizable minority of the people who read this blog are Portuguese speakers - many from Brazil, but many from Portugal as well. Therefore, in honor of the Feast of Pentecost, when the Church spoke the languages of all nations, I am publishing an article in another language: Portuguese, which you can find below. The article is about these mainstream Catholics who talk about how using labels like "traditional Catholic" or "charismatic Catholic" are redundant because "just Catholic is enough." While I totally see where they are coming from, I disagree and think there is a utility for labels when discussing trends within the Catholic faith.
To read the article in English via Mediafire, please
click here. If you choose to comment, please remember that I do not speak Portuguese; a friend of mine translated this for me.
Enjoy!
Quando eu li pela primeira vez o artigo “Católico. E tenho dito.” (“Catholic. Nuff Said”) por Marc Barnes sobre a superfluidade de se usar rótulos para designar grupos ou movimentos dentro do catolicismo, eu comecei a trabalhar numa exaustiva crítica ponto a ponto, mas eventualmente abandonei a ideia, porque minha resposta se tornou muito longa e me levou a muitas outras tangentes. Isso porque Barnes está correto em algumas coisas e errado em outras e sem querer enfastiar meus leitores com algo tedioso, decidi contrariamente. Eu recomendo que você leia o artigo do
Barnes antes de ler isto; ele basicamente afirma que rótulos não têm lugar dentro da Igreja. Aqueles que dissentem ou espalham heresia, não deveríamos chamá-los “católicos liberais”, porque isso basicamente os legitimiza, sugerindo que ‘catolicismo liberal’ é apenas um tipo de catolicismo no espectro católico, quando de fato é um desvio total do espírito do catolicismo. Por outro lado, àqueles grupos que são fiéis à Igreja não se pode adicionar nada com adjetivos como “tradicional”, “fiel”, “ortodoxo” ou o que seja; ser católico é ser “universal” e não se pode adicionar nada ao universal, tanto quanto não se pode dividir a eternidade. Portanto, enquanto rótulos são úteis paracategorizar heresias fora da Igreja (arianos, pelagianos, calvinistas etc.), eles ou são inúteis ou danosos quando aplicados a movimentos ainda dentro da âmbito da Igreja. Barnes destaca “católico tradicionalista” como um rótulo que ele acha particularmente inútil, pois ele parece pensar que ele coloca muita ênfase na Missa como um monumento, e não o suficiente na Missa como uma realidade vida e presente.
Ao invés de examinar as declarações de Barnes ponto a ponto, eu decidi oferecer um ponto de vista contrário, que pode lidar com os pontos do Barnes aqui e ali, mas cuja intenção não é tanto uma refutação, quanto uma visão por outro ângulo, ultimamente vindicando o uso de rótulos em geral e o rótulo “católico tradicionalista” em particular.
Eu escrevi sobre este tópico anteriormente, em resposta a um artigo similar por George Kendall, que havia declarado no Wanderer que “Não existe catolicismo tradicional. Existe apenas catolicismo e não-catolicismo. Se você é católico, você é tradicional. Se não, você é não-católico.” (George A. Kendall. "More on the Sacrifice of the Community to Progress".
Wanderer, Feb. 2009). A minha resposta a isso pode ser encontrada
aqui. O que podemos dizer sobre isso? Façamos algumas observações, compreendendo que a principal questão é: pode qualquer palavra modificadora jamais ser aplicada ao substantivo “católico” que adicione qualquer real valor? Ou, como Barnes diz, “qualquer modificação limitadora na palavra ‘católico’ é uma contradição em termos”?
Primeiro ponto:
Rótulos devem ter algum tipo de uso significativo ou então pessoas não os usariam. Este argumento procede da forma em que pessoas usam as palavras de fato. Barnes argumenta que não deveríamos fazer distinções como “católico tradicional” e “católico carismático”, porque ambas são expressões da catolicidade da Igreja. Entretanto, na vida real, pessoas usam os rótulos “tradicional” e “carismático” regularmente e isto significa que esses rótulos têm algum significado real, ou então ninguém os usaria. Adjetivos criam distinções; “cadeira” é um conceito geral, mas nosso conceito de cadeira se torna mais refinado se introduzimos os termos “cadeira de madeira” ou “cadeira de aço” – eles denotam duas formas diferentes de ser uma cadeira e são ferramentas lógicas que ajudam a mente a se mover de verdade a verdade. Neste caso, “tradicional” e “carismático” refletem duas formas diferentes de ser católico; se as duas formas são de igual valor é outra questão, mas o ponto é que quando as pessoas usam esses termos, elas estão chegando às distinções concretas que nos auxiliam a falar sobre as realidade dentro da Igreja. Elas não são supérfluas ou sem significado, ou então não seriam empregadas tão frequentemente no vocabulário cotidiano.
Segundo ponto,
mesmo quanto a distinção expressa por um modificador pode ser inferida no conceito que ele modifica, modificadores ainda podem ser apropriados a fim de enfatizar algum aspecto em particular daquele conceito. Por exemplo, tomemos a frase “católico romano”. Bem, não está a romanitas da Igreja expressa no conceito de catolicidade? Afinal, ser católico é estar em união com o Papa, o bispo de Roma, o sinal visível da unidade da Igreja na terra. O conceito de união com Roma é inerente ao conceito de catolicidade. Pelo raciocínio de Barnes, não deveríamos ter ocasião para jamais usar o modificador “romano” com a palavra “católico”, a não ser que talvez estivéssemos discutindo especificamente o Rito Romano. Porém, vemos que a frase “católico romano” é usada muito amplamente, como próprio sinônimo de “católico”, porque a frase ressalta a unidade da Igreja ao redor do bispo de Roma. Podemos similarmente notar os muitos títulos para Nosso Senhor e Nossa Senhora que se fixam em aspectos particulares de Suas pessoas, apesar de quase tudo que alguém poderia dizer em louvor a Jesus ou Maria poderia ser resumido em seus títulos “Cristo” ou ”Mãe de Deus”. Portanto um modificador pode às vezes ser usado não apenas para fazer uma distinção, mas também para elaborar um aspecto em particular de uma ideia maior.
Terceiro,
católicos usaram outros títulos para eles mesmos através da história. Durante a controvérsia ariana, católicos ortodoxos referiam-se a si mesmos como homoousianos, para distinguir a verdade do ensinamento herético homoiousiano dos arianos. Apesar de que ser católico é ser homoousiano, os católicos daquela época pensaram que era uma distinção útil e necessária chamar a si mesmos “homoousianos” em adição a “católicos”, devido à confusão prevalente na Igreja naquele tempo.
Similarmente, no século V, sabemos que aqueles que recusaram o consentimento aos cânones do Concílio de Calcedônia foram subsequentemente conhecidos como heréticos monofisitas. Mas o que não é comumente lembrado é que aqueles que confirmaram Calcedônia e as duas naturezas também adotaram um título, chamando a si mesmos calcedonianos, de católicos calcedonianos, com o propósito de distingui-los do crescente cisma monofisita. Eles poderiam simplesmente ter dito que eram “católicos”, já que a crença nas duas naturezas de Cristo é algo essencial ao catolicismo. Porém, novamente, devido à confusão prevalente na Igreja, eles acharam que o rótulo “calcedoniano” era apropriado. Autores subsequentes sobre a história da Igreja também apropriaram os termos sem insinuar que eles diminuem em nada o termo “católico”.
No século XVIII, os racionalistas e opositores da Igreja adotaram o termo “ultramontanistas” para descrever aqueles que se opunham os movimentos das igrejas nacionais inspiradas no galicanismo. Embora originalmente um termo de escárnio, “ultramontanista” foi abraçado pelos fiéis católicos leais ao Papa como um termo de afeição, expressando lealdade à Santa Sé e “ultramontanista” foi adicionado à palavra “católico”, apesar de que, como a
Enciclopédia Católica diz, "[o termo] é aplicável a todos os católicos romanos dignos do nome...seria supérfluo perguntar se ultramontanismo e catolicismo são a mesma coisa: seguramente, aqueles que combatem o ultramontanismo estão de fato combatendo o catolicismo, mesmo que neguem seu desejo de se oporem.” De novo, devido a uma controvérsia na Igreja e aos cismas dos josefitas, febronianos e racionalistas, um modificador em particular foi adicionado ao conceito geral de “católico” para colocar em relevo um aspecto em particular da catolicidade da Igreja – a jurisdição suprema e universal do Papa sobre a Igreja.
Quarto,
apesar de várias práticas diferentes poderem ser encontradas sob a égide católica, nem todas são de igual valor ou refletem igualmente a catolicidade da Igreja e, portanto, rótulos são apropriados para diferenciar esses movimentos. Barnes diz que o uso de rótulos concede um tipo de legitimidade e igualdade a tudo que é rotulado; mas a ausência de rótulos também pode fazê-lo. Por exemplo, tomemos a distinção entre catolicismo carismático e catolicismo tradicional. A Forma Extraordinária da Missa, em sua essência, vem desde o tempo de S. Gregório Magno, foi um produto de um desenvolvimento orgânico do Rito Romano pela era patrística e tem sido usada pela Igreja por séculos e louvada pelos santos como o mais glorioso ato de louvor que o homem pode oferecer a Deus. A história do Rito Romano está enlaçada com o desenvolvimento e identidade a Igreja como um todo. A Renovação Carismática, por outro lado, data da
Renovação Protestante da Rua Asuza em 1906, foi adotada pela Igreja Católica apenas nos anos 1960, não foi abraçada universalmente dentro do Rito Romano e tem sido permitida dentro da Igreja apenas sob forma de tolerância. Não se pode dizer, de forma alguma, que o catolicismo carismático goza da mesma linhagem, universalidade, louvor ou valor que o Rito Romano tradicional. Porém, se removermos nossos rótulos, dizendo que não podemos falar de catolicismo tradicional ou catolicismo carismático, mas apenas de “catolicismo”, então ambos tornam-se de igual valor e igual autoridade, quando de fato um é a prática histórica da Igreja e o outro é uma inovação que por alguma razão tem sido tolerada e embasada por alguns bispos. Portanto, o rótulo “tradicional” é útil para distinguir o catolicismo histórico de modas modernas.
Em suma, rótulos podem diminuir a catolicidade, mas eles não necessariamente o fazem. Rótulos dentro da Igreja tentem a se tornar muito úteis quanto há uma grande parcela de confusão sobre a identidade católica, como houve durante a controvérsia ariana, as controvérsias cristológicas do século V e as disputas entre o Papado e as igrejas nacionais nas décadas que levaram à definição da infalibilidade papal – eles entram em jogo quando a Igreja entra numa situação “remanescente”, onde a ortodoxia parece subjugada pela heterodoxia, situações onde “o mundo despertou e gemeu ao ver-se ariano”, nas palavras de Jerônimo – situações em que há disputas amargas sobre a identidade católica, como as que temos hoje, com a Igreja repleta de dissidentes que permanecem canonicamente em boa reputação com a Igreja (ao menos no que se refere ao foro externo), enquanto a atacam de dentro, com 85% dos católicos descrendo na Presença Real e praticando a contracepção, com mesmo católicos bem-intencionados perseguindo modas como Merjugorje ou introduzindo espiritualidades fundamentalmente não-católicas como a Renovação Carismática ou o movimento de oração centrante do monge Basil Pennington – com a própria tradição maldita por muitos e rejeitada até por aqueles que deveriam ser os seus mais ardentes defensores – em todas essas circunstâncias, simplesmente dizer “católico” não necessariamente convém toda a informação necessária em um dado contexto. Um modificador como “tradicional” é apropriado às vezes e ao contrário do que Barnes diz, não são modificadores mas a falta deles que leva a uma igualdade inapropriada entre posições que não são de forma alguma iguais.
Claro, devemos recordar que qualquer rótulo emendado a “católico” é apenas uma convenção; nossa identidade não está ultimamente amarrada com um modificador. Se a Igreja Católica como um todo zelosamente abraçasse a tradição, retornasse à obediência e à disciplina e arrumasse a casa liturgicamente, então eu concordaria que um modificador não seria necessário. Entendo que aqueles que não abraçam a totalidade da Tradição da Igreja estão de fato diminuindo sua catolicidade e não a exemplificando. Ainda assim, enquanto essa situação persistir, rótulos continuarão porque eles continuam a ajudar as pessoas a fazer distinções reais. As distinções provavelmente não deveriam existir; não deveria haver um “movimento carismático católico” ou um movimento Medjugorje ou o que seja – mas essas coisas de fato existem, então a nossa linguagem deve tomá-las em conta e sua relação em respeito a católicos que apenas amam a liturgia
tradicional da Igreja – em outras palavras, católicos tradicionais.